Foi no passado dia 25 de Abril, na tradicional corrida de touros de Alter do Chão, que o Grupo de Forcados Amadores de Montemor-o-Novo iniciou oficialmente a época tauromáquica de 2005.
No cartel, três cavaleiros em competição, Rui Salvador, Luís Rouxinol e Vítor Ribeiro e dois grupos de forcados Montemor e Alter do Chão, que disputavam entre si, o prémio “Luís Saramago” (antigo forcado do Grupo e cabo fundador do Grupo de Alter do Chão) para a melhor pega. Para serem lidados um curro de Toiros da Ganaderia Goes, com idade, peso e terapio.
A reunião do Grupo foi também como é tradicional na Herdade do Monte Branco, casa do antigo forcado Rui Vacas de Carvalho. Já todos juntos a corrida não saía do pensamento, com alguma ansiedade e nervosismo natural da primeira corrida, fardámo-nos e fomos para a praça.
Em primeiro lugar estava anunciado um exemplar com 605 kg e 4 anos, que saiu a impor respeito, pelo tamanho, pela investida mas sobretudo por ser o primeiro, que para o final da lide começou a ficar tardo na reunião.
Foi formado um grupo experiente e de confiança e para pegar é escolhido um forcado habituado a pegar touros grandes, Pedro Freixo. O Grupo decidiu brindar ao colega Simão da Veiga, que depois da grave colhida de Agosto de 2004 voltava de novo a acompanhar o Grupo de Montemor.
De largo e com o primeiro ajuda a dar vantagens, o forcado da cara encaminhou-se para o toiro. Após alguns passos, o animal começou a mostrar-se interessado e a querer sair, que o forcado aproveitou bem e provocou a sua investida.
Apesar de nobre o toiro lento dificultou o trabalho do Pedro, que procurou cedo de mais a sua córnea levando o animal a rematar e a provocar uma reunião algo defeituosa. Reunião, que não fez esmorecer o forcado da cara que continuou a lutar, tendo-se fechado com alma e decisão.
Apesar do toiro ter fugido aos ajudas, estes demonstraram uma pronta intervenção e com o rabejador João José Comenda a rematar como é seu apanágio, consumaram uma pega que não foi perfeita, mas cheia de emoção.
O segundo touro saiu à praça anunciado com 550 kg, voluntarioso e nobre lidado com emoção, o grupo preparou-se para mais uma pega. Desta feita o escolhido foi Francisco Mira, forcado que em 2004 recebeu dos colegas o prémio de revelação da temporada.
Brindou ao Dr. Nuno Santos, director de programas da RTP e com calma e demonstrando muita experiência citou o toiro. Fechado em tábuas, o animal demorou a se interessar, facto que apenas demonstrou ainda mais em como o forcado estava a controlar a pega, que depois de o deixar descansar carregou com decisão.
O toiro embebido pelo cara, investiu veloz e com toda a naturalidade o forcado embarbelou-se. No lugar estavam também os ajudas e com uma boa entrada consumaram uma pega que pareceu fácil de tão bem realizada que foi.
O quinto da tarde pesou 540 kg e como se costuma dizer que o peso não quer dizer nada, veio-se a provar. Saiu duro e sério e para pegar João Mantas, um forcado de confiança.
Brindou ao público e mostrou-se ao toiro, que prontamente se fixou com o forcado, situação que o João aproveitou.
De pés juntos aguentou a investida, mas quando chegou a altura de recuar, não o fez prontamente, permitindo ao toiro que remata-se com toda a força tendo provocado ao forcado uma grande voltarete.
Avisado do erro alegrou de novo o toiro, que voltou a arrancar veloz e desta feita após a reunião com o forcado, derrotou forte fazendo-o cair aos pés dos ajudas.
Já com o António Corrêa de Sá em cima o toiro mostrou-se cada vez mais difícil, não permitindo ao Grupo encerrar a pega à terceira tentativa.
Após a tentativa o touro fechou-se em tábuas bastante congestionado, tendo feito com que eu opta-se juntamente com o João Mantas por enviar o touro para volta. Com decisão e vontade e acompanhado pelo João J. Comenda fez mais duas tentativas, todas muito duras para o forcado. Só à terceira e de maneira pouco ortodoxa é que a pega foi consumada.
Tecnicamente não foi perfeito, mas se houve um forcado a querer pegar o toiro e que colhida após colhida, não virou as costas à luta, ele foi o João Mantas.
O Grupo de Alter do Chão também não teve uma tarde fácil e consumou as suas pegas à 4ª, à 1ª e à 2ª tentativa, Tendo no final o júri atribuído o prémio da melhor pega ao forcado Francisco Mira.
Não foi o êxito que o Grupo ambicionava, mas melhores tardes virão.
Rodrigo Corrêa de Sá